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Conhecimento Hoje

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Papa Silvério: o pontífice deposto e exilado pela imperatriz Teodora

O Papa Silvério governou a Igreja Católica de 8 de junho de 536 até ao seu exílio forçado em 537, tornando-se um dos poucos Papas a serem depostos de forma violenta. O seu curto pontificado ficou marcado pela turbulência política, pela interferência do Império Bizantino e pelo conflito entre ortodoxia e heresia dentro da Igreja.

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Silvério era filho do Papa Hormisda, um facto raro na história do papado, pois o seu pai fora casado antes de ingressar na vida clerical. Antes de ser eleito Papa, Silvério era diácono e, segundo algumas fontes, foi imposto ao trono de São Pedro pelo rei ostrogodo Teodato, que controlava Roma na época. A sua eleição não foi bem recebida por todos, uma vez que muitos clérigos preferiam um candidato mais alinhado com Bizâncio.

O grande desafio do seu pontificado surgiu quando o imperador bizantino Justiniano I lançou a sua campanha para reconquistar a Itália dos ostrogodos. O general bizantino Belisário cercou Roma em 536 e conseguiu tomá-la, tornando-se o governante de facto da cidade. Contudo, a situação de Silvério tornou-se ainda mais frágil devido à imperatriz Teodora, que apoiava a heresia monofisita e queria colocar no trono papal Vigílio, um clérigo que lhe era favorável.

De acordo com os relatos históricos, Silvério foi acusado falsamente de conspirar com os ostrogodos para entregar Roma ao rei Vitige. Esta acusação, possivelmente fabricada pelos aliados de Teodora, serviu de pretexto para a sua deposição. Belisário, pressionado por Constantinopla, prendeu Silvério e forçou-o a renunciar ao papado. Em dezembro de 536 ou início de 537, Vigílio foi nomeado Papa em seu lugar.

Após a sua deposição, Silvério foi enviado para o exílio na ilha de Palmarola, onde foi tratado com grande dureza. Segundo algumas fontes, foi mantido em condições deploráveis e acabou por morrer de fome ou doença, a 2 de dezembro de 537. A sua morte foi considerada um martírio, e mais tarde foi venerado como santo pela Igreja Católica.

O caso de Silvério reflete o impacto da política imperial sobre a Igreja no século VI e mostra como o papado estava vulnerável às disputas entre Roma e Constantinopla. Apesar do seu curto pontificado, é lembrado como um Papa que, mesmo diante da perseguição e da injustiça, manteve a sua dignidade e fidelidade à fé. Foi sepultado na sua ilha de exílio, e o seu nome permanece na história como um símbolo da resistência do papado contra a interferência secular.